Wednesday 31 October 2007

Tempo

O tempo não passa
Apenas tenta fugir
Está em todos os lugares
Mas sempre está aqui

Os dias vão
Mas sempre voltam
Como bons filhos
Que à casa sempre retornam

Os anos passam
Ficam para trás
Lembranças distantes
De uma época que não volta mais

Fera indomável
cruel envelhecimento
Corre solta entre nós
Libertada pelo tempo

O tempo não passa
Apenas tenta fugir
Mas está preso
E jamais poderá sair

Tuesday 30 October 2007

Triste outono

Outono triste
O fim da vida
O frio chega
A luz se dissipa

Pobre alma
A esperar no relento
Sua dor acariciada
Pelo toque frio do vento

Suas lágrimas misturam-se a chuva
O gosto familiar lhe toca os lábios
Lágrimas quentes
Descendo por seu rosto molhado

Triste outono
Que atormenta-lhe o viver
Faz seus dias tristes
Sua vida obscurecer

Chuva fina
Que cai sem cessar
Faz o frescor do verão desaparecer
E o frio do outono se espalhar

O céu cinza
Poças de água
Reflexo de sua vida
Triste e fracassada

O sol fraco
Nem mesmo vem lhe aquecer
As folhas mortas espalham-se por toda a parte
Lembrando-a do seu viver

E no fim do outono
Toda vida se foi
Então parte para sua jornada
Prometendo regressar depois

Pobre alma
Parada em algum lugar
O frio lhe consumindo a vida
Incapaz de lutar

E no fim do outono
Toda a vida se esvaiu
A natureza solene
Com seu manto branco vem aos mortos cobrir.

Friday 26 October 2007

Vida interrompida

Na noite escura
Um som ouviu-se
Um grito ecoou
Um corpo caiu
Olhos fixos
O sangue manchando o chão
O corpo estendido
Um ferimento numa de suas mãos
Os olhos não tinham vida
Não como antes tiveram
Eram olhos frios
Olhos vazios
Olhos que aqui jamais estiveram
O corpo estendido
As mãos abertas
Uma tentativa de viver
Uma atitude incerta
Num dos dedos
Um pequeno anel dourado
Um laço intocável
Que agora fora quebrado
Seus cabelos estavam desgrenhados
Cabelos ruivos
Avermelhados
Estendidos sobre a calçada
Pareciam pegar fogo
Chamas que a chuva não poderiam apagar
Chamas ardentes
Que jamais deixariam de queimar
A pele branca
Jamais deixaria de ser
O rosto perfeito
Não teriam marcas ao envelhecer
A boca entreaberta
A voz era-lhe bela
Uma característica sua
Um dom dado a ela
E naquela calçada fria
Sua vida havia lhe sido tirada
Seus sonhos foram levados
Seu futuro roubado
E os olhos fixos
Fixos no além
Vazios olhos azuis
Que jamais voltariam a fitar alguém

Thursday 25 October 2007

Alma

Sozinha
Sempre a seguir
Algumas vezes tem companhia
Nem sempre tem aonde ir
Mas não há como fugir
Condenada a eternidade
Estará sempre aqui
Na estrada escura
Apenas o vazio a ladeia
Não há nada a sua frente
Nada a rodeia
O caminho é longo
Infinito
Os sons de vozes tornam-se mudos
Apenas ressoam os gritos
E o fim jamais chegará
Mesmo que esse mundo deixe
Aqui sua alma irá ficar.